Opinião
- 08 de setembro de 2017
- Visualizações: 24540
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
Liturgia: O Encontro do Passado no presente e no Futuro
Por Luiz Fernando dos Santos
“E vocês são herdeiros dos profetas e da aliança que Deus fez com os seus antepassados. Ele disse a Abraão: ‘Por meio da sua descendência todos os povos da terra serão abençoados” (At 3.25).
A Igreja é a comunidade da memória. Sua identidade e sua esperança se firmam em eras distantes, em sua história, nos feitos de Deus em seu passado. A Igreja se reúne entre outras coisas para celebrar sua caminhada com Deus e as intervenções, manifestações e revelações desse Deus ao longo do tempo. Quando a igreja ‘visita’ o Antigo Testamento e traz à memória os atos redentores do Senhor na vida de seus ‘irmãos mais velhos’, homens e mulheres que viveram seus dramas pessoais, familiares e comunitários há milênios, ela o faz como quem revira páginas de um grande álbum de família.
Quando a igreja ‘visita’ o Antigo Testamento e traz à memória os atos redentores do Senhor na vida de seus ‘irmãos mais velhos’, homens e mulheres que viveram seus dramas pessoais, familiares e comunitários há milênios, ela o faz como quem revira páginas de um grande álbum de família.
E como a igreja é descendente e herdeira dessa história, ela se identifica com cada episódio ali registrado. Ela se reconhece na tentação e na queda de seus primeiros pais, Adão e Eva. Ela se vê espelhada na tragédia de Abel e Caim. Vê-se socorrida em Noé, chamada e amparada em Abraão, sustentada em Jacó e libertada e conduzida em Moisés. A Igreja se reconhece como herdeira de uma terra prometida, mas que precisa ser conquistada na dependência e com o auxílio do seu Senhor. Reconhece em cada inimigo, adversário e barreira, às suas próprias dificuldades e limitações. Sente-se confortada, corrigida e guiada em esperança no brado dos profetas e no exemplo de seus heróis.
Fixando os olhos em cada “fotografia” desse álbum a igreja tem as respostas para as questões fundamentais de qualquer cosmovisão: Onde estamos? Quem somos? O que deu errado? Qual a solução? E aqui chegamos ao Novo Testamento. Checando as fotos mais antigas de nossos antepassados, logo nos localizamos.
Estamos no mundo saído das mãos criadoras e generosas de um Deus sábio, que embora perfeito em suas origens paradisíacas, hoje está enfermado e caído pelo pecado. Por isso, a realidade ao nosso redor traz tanta dor e tanto desconforto para o homem. Sabendo onde estamos, descobrimos quem somos: o povo escolhido graciosamente por Deus para participar de sua intimidade e comunhão. Povo da aliança que fracassou quando submetido ao teste da obediência. Isso foi o que deu errado, a entrada do pecado e da morte no mundo. Todavia, o que não mudou foi o fato de Deus ser gracioso e cheio de misericórdia. Ele mesmo proveu a solução. Cristo é a solução para a criação e para o homem. Chegamos à geração mais perto de nós, nossos parentes talvez mais conhecidos e que tenham maior afinidade e proximidade. Isso devido ao nosso irmão maior, Jesus.
Não somos só um povo como uma história abençoada. Somos antes de tudo, um povo para abençoar história de todas as famílias e nações da terra. É aqui que passado e presente se encontram. Quando nos reunimos para adoração, para a liturgia pública, estamos celebrando a nossa consciência de nossa identidade na missão. Ou seja, somos mais nós mesmos, quanto mais comprometidos em compartilhar as bênçãos e as riquezas de nossa herança e pertença à família de Deus no mundo.
No Novo Testamento a nossa identidade fica mais completa e nosso ‘Ethos’ se revela mais perfeitamente. Somos uma família que sabe contar a sua história, conhece o caminho que a trouxe até aqui e sabe também o propósito dessa caminhada. Chegamos até aqui para fazer parte do drama e não expectadores passivos dessa história. Assim como nossos ‘irmãos mais velhos’ do Antigo Testamento, nós desde o Novo Testamento, temos o nosso lugar e a nossa razão de ser. Não somos só um povo como uma história abençoada. Somos antes de tudo, um povo para abençoar história de todas as famílias e nações da terra. É aqui que passado e presente se encontram. Quando nos reunimos para adoração, para a liturgia pública, estamos celebrando a nossa consciência de nossa identidade na missão. Ou seja, somos mais nós mesmos, quanto mais comprometidos em compartilhar as bênçãos e as riquezas de nossa herança e pertença à família de Deus no mundo.
Na liturgia, a igreja faz memória adorante e agradecida de seu passado. Na liturgia, a igreja se identifica com o seu chamado e responde em amorosa obediência a tarefa de fazer discípulos de todas as nações. Ainda na liturgia, a igreja vislumbra a sua vocação mais alta e sublime, a realidade criada e a humanidade recapitulada e redimida em Cristo nos novos céus e na nova terra. Das primeiras fotografias do jardim, um tanto desbotadas devido ao pecado, às cores vivíssimas da Jerusalém celeste e da terra restaurada em graça, a igreja jubilosa anela por esse dia.
Por essa razão, o culto comunitário da igreja cristã deve ser saturado das Escrituras. Devemos cantar a memória dos salmos. Devemos recitar juntos em voz audível as promessas e narrativas do Antigo Testamento. É nosso dever assentar ao redor da mesa com Jesus e seus discípulos enquanto o ouvimos falar nas páginas do Novo Testamento. A celebração dominical é um grande encontro de família. Parentes distantes do nosso passado que só os conhecemos por suas histórias, parentes próximos com quem temos mais familiaridade e de quem gozamos mais intimidade e parentes quem nem ainda conhecemos, mas sabemos que já temos um encontro marcado na casa do Pai, todos ali presentes, em saudade, realidade e esperança. Até lá, estamos todos em missão.
“E vocês são herdeiros dos profetas e da aliança que Deus fez com os seus antepassados. Ele disse a Abraão: ‘Por meio da sua descendência todos os povos da terra serão abençoados” (At 3.25).
A Igreja é a comunidade da memória. Sua identidade e sua esperança se firmam em eras distantes, em sua história, nos feitos de Deus em seu passado. A Igreja se reúne entre outras coisas para celebrar sua caminhada com Deus e as intervenções, manifestações e revelações desse Deus ao longo do tempo. Quando a igreja ‘visita’ o Antigo Testamento e traz à memória os atos redentores do Senhor na vida de seus ‘irmãos mais velhos’, homens e mulheres que viveram seus dramas pessoais, familiares e comunitários há milênios, ela o faz como quem revira páginas de um grande álbum de família.
Quando a igreja ‘visita’ o Antigo Testamento e traz à memória os atos redentores do Senhor na vida de seus ‘irmãos mais velhos’, homens e mulheres que viveram seus dramas pessoais, familiares e comunitários há milênios, ela o faz como quem revira páginas de um grande álbum de família.
E como a igreja é descendente e herdeira dessa história, ela se identifica com cada episódio ali registrado. Ela se reconhece na tentação e na queda de seus primeiros pais, Adão e Eva. Ela se vê espelhada na tragédia de Abel e Caim. Vê-se socorrida em Noé, chamada e amparada em Abraão, sustentada em Jacó e libertada e conduzida em Moisés. A Igreja se reconhece como herdeira de uma terra prometida, mas que precisa ser conquistada na dependência e com o auxílio do seu Senhor. Reconhece em cada inimigo, adversário e barreira, às suas próprias dificuldades e limitações. Sente-se confortada, corrigida e guiada em esperança no brado dos profetas e no exemplo de seus heróis.
Fixando os olhos em cada “fotografia” desse álbum a igreja tem as respostas para as questões fundamentais de qualquer cosmovisão: Onde estamos? Quem somos? O que deu errado? Qual a solução? E aqui chegamos ao Novo Testamento. Checando as fotos mais antigas de nossos antepassados, logo nos localizamos.
Estamos no mundo saído das mãos criadoras e generosas de um Deus sábio, que embora perfeito em suas origens paradisíacas, hoje está enfermado e caído pelo pecado. Por isso, a realidade ao nosso redor traz tanta dor e tanto desconforto para o homem. Sabendo onde estamos, descobrimos quem somos: o povo escolhido graciosamente por Deus para participar de sua intimidade e comunhão. Povo da aliança que fracassou quando submetido ao teste da obediência. Isso foi o que deu errado, a entrada do pecado e da morte no mundo. Todavia, o que não mudou foi o fato de Deus ser gracioso e cheio de misericórdia. Ele mesmo proveu a solução. Cristo é a solução para a criação e para o homem. Chegamos à geração mais perto de nós, nossos parentes talvez mais conhecidos e que tenham maior afinidade e proximidade. Isso devido ao nosso irmão maior, Jesus.
Não somos só um povo como uma história abençoada. Somos antes de tudo, um povo para abençoar história de todas as famílias e nações da terra. É aqui que passado e presente se encontram. Quando nos reunimos para adoração, para a liturgia pública, estamos celebrando a nossa consciência de nossa identidade na missão. Ou seja, somos mais nós mesmos, quanto mais comprometidos em compartilhar as bênçãos e as riquezas de nossa herança e pertença à família de Deus no mundo.
No Novo Testamento a nossa identidade fica mais completa e nosso ‘Ethos’ se revela mais perfeitamente. Somos uma família que sabe contar a sua história, conhece o caminho que a trouxe até aqui e sabe também o propósito dessa caminhada. Chegamos até aqui para fazer parte do drama e não expectadores passivos dessa história. Assim como nossos ‘irmãos mais velhos’ do Antigo Testamento, nós desde o Novo Testamento, temos o nosso lugar e a nossa razão de ser. Não somos só um povo como uma história abençoada. Somos antes de tudo, um povo para abençoar história de todas as famílias e nações da terra. É aqui que passado e presente se encontram. Quando nos reunimos para adoração, para a liturgia pública, estamos celebrando a nossa consciência de nossa identidade na missão. Ou seja, somos mais nós mesmos, quanto mais comprometidos em compartilhar as bênçãos e as riquezas de nossa herança e pertença à família de Deus no mundo.
Na liturgia, a igreja faz memória adorante e agradecida de seu passado. Na liturgia, a igreja se identifica com o seu chamado e responde em amorosa obediência a tarefa de fazer discípulos de todas as nações. Ainda na liturgia, a igreja vislumbra a sua vocação mais alta e sublime, a realidade criada e a humanidade recapitulada e redimida em Cristo nos novos céus e na nova terra. Das primeiras fotografias do jardim, um tanto desbotadas devido ao pecado, às cores vivíssimas da Jerusalém celeste e da terra restaurada em graça, a igreja jubilosa anela por esse dia.
Por essa razão, o culto comunitário da igreja cristã deve ser saturado das Escrituras. Devemos cantar a memória dos salmos. Devemos recitar juntos em voz audível as promessas e narrativas do Antigo Testamento. É nosso dever assentar ao redor da mesa com Jesus e seus discípulos enquanto o ouvimos falar nas páginas do Novo Testamento. A celebração dominical é um grande encontro de família. Parentes distantes do nosso passado que só os conhecemos por suas histórias, parentes próximos com quem temos mais familiaridade e de quem gozamos mais intimidade e parentes quem nem ainda conhecemos, mas sabemos que já temos um encontro marcado na casa do Pai, todos ali presentes, em saudade, realidade e esperança. Até lá, estamos todos em missão.
Luiz Fernando dos Santos (1970-2022), foi ministro presbiteriano e era casado com Regina, pai da Talita e professor de teologia no Seminário Presbiteriano do Sul e no Seminário Teológico Servo de Cristo.
- Textos publicados: 105 [ver]
- 08 de setembro de 2017
- Visualizações: 24540
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Leia mais em Opinião
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em Últimas
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu há...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e História
- Casamento e Família
- Ciência
- Devocionário
- Espiritualidade
- Estudo Bíblico
- Evangelização e Missões
- Ética e Comportamento
- Igreja e Liderança
- Igreja em ação
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Política e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Série Ciência e Fé Cristã
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Cristã
Revista Ultimato
+ lidos
- Corpos doentes [fracos, limitados, mutilados] também adoram
- Pesquisa Força Missionária Brasileira 2025 quer saber como e onde estão os missionários brasileiros
- A urgência da reconciliação: Reflexões a partir do 4º Congresso de Lausanne, um ano após o 7 de outubro
- Perigo à vista ! - Vulnerabilidades que tornam filhos de missionários mais suscetíveis ao abuso e ao silêncio
- Lutar pelos sonhos é possível após os 60. Sempre pela bondade do Senhor
- A última revista do ano
- Diálogos de Esperança: nova temporada conversa sobre a Igreja e Lausanne 4
- Para fissurados por controle, cancelamento é saída fácil
- Vem aí "The Connect Faith 2024"
- 200 milhões de Bíblias em 2023